quinta-feira, setembro 25, 2008

assim eu invento.

" É de notar que o ar vem do ar. De sofrer e amar a gente não se desafaz. Ele queria apenas os arquétipos, platonizava. (...) Reportava a lenda a embustis, falsas idéias escabrozas. Cumpria lhe descaluniá-la, obrigava-se por tudo. Trouxe a boca de cena do mundo, de caso razo, o que não fora tão claro como água suja.
Demonstrando-o amatemático, contrário ao público pensamento e à lógica, desde que Aristóteles a fundou. O que não era tão fácil como refritar almôndegas. Sem malícia, com paciência, sem insistência principalmente.
O ponto está em que soube, de tal arte: por antipesquisas acronologia miúda, conversinhas escudadas, remendados testemunhos. (...) Genial operava o passado - plástico e contraditório rascunho. Criava nova transformada realidade, mais alta. Mais certa?"

A verdade inventada é mais realidade que a própria, para mim.
Vivendo e (dis)simulando.

domingo, setembro 21, 2008

"pode ser cruel a eternidade."

Me ligaram numa manhã de sábado e disseram que meu herói estava fraquinho.
Eu não conseguia entender, afinal falávamos de um superherói e eles nunca ficam doentes. Minha vontade era correr e fazer todas as vitaminas possíveis para que ele ficasse forte de novo. Buscaria ingredientes de receitas mágicas infalíveis para ver saúde, mas me interromperam e em meio a soluços eu parei. E impotente assisto. E engulo todo choro e tento transformar ( como os heróis) em força. Mas ainda não entendo.
Quando criança eu via meus heróis transbordando vivacidade e cri que eles sempre estariam ali. Eu me enganei uma vez e me recuso a me enganar de novo. Um dos meus heróis está fraquinho, sim, mas me disseram que heróis sempre vencem no final.

=/

domingo, setembro 07, 2008


[last lines]
Joel: I can't see anything that I don't like about you.
Clementine: But you will! But you will. You know, you will think of things. And I'll get bored with you and feel trapped because that's what happens with me.
Joel: Okay.
Clementine: [pauses] Okay.



O que faz uma pessoa escolher alguém para dividir seu corpo e sua alma; para dividir os três tempos; para dividir prazeres luxuriosos e amorosos? Quais são os critérios para ter com quem compartilhar o sono, o dia, o filme, o nada? O que faz você saber?

A indisposição me fez crer, um dia, que a individualidade era a saída. Havia eu e o resto do mundo, enquanto todos se faziam em pares. E durante tempos pensei, e por muitas vezes vi, que essa era a peça que o destino me pregava. Poderia ser castigo pelo meu desassossego constante.
Foi então que num abraço eu deixei de ser ímpar e senti a felicidade da pluralidade.

P.S.: Outra foto do Brilho Eterno, que por coincidência postei um dia anterior a assistir o filme pela 40a. vez também por acaso.

segunda-feira, setembro 01, 2008


"Colada à tua boca a minha desordem.

O meu vasto querer.

O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida

Árdua

Construtor de ilusões examino-te sôfrega

Como se fosses morrer colado à minha boca.

Como se fosse nascer

E tu fosses o dia magnânimo

Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
( Do desejo - Hilda Hilst)
Olho para cima e vejo o retrato de nós. Enxergo por trás da imagem entrelaçada pedaços de passado e um futuro que não se sabe quando.
Tudo que eu queria era eternizar.