quarta-feira, agosto 26, 2009

um olhar sobre o divã.


A resistência foi bem alta prá admitir que precisava chegar ali. Foram alguns meses prá que a ligação fosse feita e enfim tivesse um encontro marcado. "Eu vou falar o quê?".

Segunda-feira de manhã, cabeça de ressaca, boca seca e a sala de espera vazia. A primeira idéia ao sentar é levantar e ir embora, mas minha resistência é boa até nisso. Eu entro e contradizendo meus pensamentos, as palavras voam, e os olhos, assim como a boca, continuam secos. Surpresa. Leveza.

Minha alma se esvazia e encontro a verdade fria. E envolvida por essa descoberta, ando pelas ruas de Higienópolis sentindo o vento e a garoa de um dia nublado e frio, como a própria verdade em mim.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Aquele que diz que depois da tempestade vem a bonança deveria ter um terceiro ponto de vista. Quando a tempestade de fato vem, incrivelmente tiramos força do lugar mais profundo de nossa existência para sobrevivermos a ela, e dificilmente fracassamos.
A dificuldade está na calmaria, no silêncio, na adaptação de uma nova realidade possível. Se alguém morre, não é na despedida que o coração dói até não podermos aguentar; se o namoro acaba, não é no último beijo que a ausência vai dar as caras. O cotidiano é que vai mostrar qual é o tamanho da ferida enfim, naquele momento em que se é invadido de pensamentos e que a realidade cai com cem quilos em cima das costas. É aquela hora em que vai ter sempre alguém tentando dizer algo para confortar ou para esclarecer sendo que até o conforto tem tempo certo para chegar.
A vida é isso aí mesmo, cheia de turbilhões, de altos e baixos, e o mundo não vai parar porque tem uma nuvem em cima de você. Nessas horas me vem sempre um fragmento de D. Quixote na cabeça: "Sabe Sancho, todas essas borrascas que nos sucedem são sinais de que breve há de serenar o tempo e hão de correr-nos bem as coisas, porque não é possível que o mal e o bem sejam duráveis: donde se segue que, havendo durado muito o mal, o bem está próximo". E tentando acreditar na indurabilidade de tais borrascas nós nos arrastamos pelo mal bocado que seja, tornando no final um grande espetáculo de bom humor.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Eu não consigo escrever. Tá foda! Pronto, falei.

domingo, agosto 02, 2009

extra umbigo.

Estamos a poucos dias da nova lei anti-fumo entrar em vigor e eu deveria estar revoltada, mas não. Várias baladas já começaram a por em prática a lei saudável e por acaso, ontem, eu fui à uma delas. Não sei se pela ressaca do dia anterior, mas não senti a menor falta do monóxido de carbono na minha boca, então fiquei assistindo ao desespero dos fumantes sem ressaca que batiam boca com seguranças, tentavam burlar a lei no banheiro, entre outras táticas falíveis.
Entretanto, mais gostoso que fumar foi chegar em casa e não ter a vontade de jogar minha roupa no lixo e passar máquina zero no meu cabelo por causa do cheiro do cigarro. Limpa, com cheirinho de perfume e não de tainha defumada na fogueira.