terça-feira, abril 27, 2010

Minha psicóloga disse, na última sessão, que eu tento preencher um vazio com pessoas. Um vazio não sei do quê, que se instalou não sei em que parte de mim. Talvez eu sinta mesmo esse vazio, um nó na garganta, sabe? Uma sensação daquelas em que a gente tem vontade de sair correndo e procurar algo/ alguém que te distraia dessa falta nãoseidoquê.
Aí, a parte todas as tentativas (acupuntura, drogas, yoga, cooper, boate gay, hare krishna), surge alguém, no plano real, que toma forma, e a gente imediatamente projeta toda aquela emoção presa na garganta. E fatalmente se fode, porque está tentando adequar/ajustar um arquétipo, uma imagem de toda a nossa infinita carência, nossa assustadora sede, a uma realidadezinha infinitamente inferior. Depois a gente põe a culpa na expectativa.

quinta-feira, abril 22, 2010

Era uma vez...

Eu sentada em meio a um monte de gente falando, falando, falando sem parar. Um burburinho de sons sujos e a única coisa clara aos meus ouvidos era a voz de dentro da minha cabeça, falando, falando sem parar. Eu pensava, vou enlouquecer.
No fim deste dia encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.


E agora?

domingo, abril 18, 2010


Se me perguntarem hoje sobre algo que me faz feliz, vou dizer que são meus amigos. Os amigos que me trazem sentimentos maiores como companheirismo, lealdade, cumplicidade e que, de certa forma, são meio sinônimos de felicidade.
Tenho poucos e bons. Aliás, poucos e maravilhosos amigos. Amigos muitos fortes e muito profundos, para quem eu posso telefonar de madrugada e dizer: olha, to querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade prá isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas eu sempre procuro aprofundar. E felicidade é um pouco disso, ter com quem contar, se sentir cuidado, protegido, ter colo. Esse exemplo de se matar foi meio trash... posso ligar prá dar uma volta num horário improvável. Sempre faço isso, inclusive.

P.S: a todos aqueles que carregam um pedacinho de mim.

segunda-feira, abril 12, 2010

Day after

De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de cigarro.

quinta-feira, abril 08, 2010

Hoje a minha tristeza é por tudo aquilo que se perdeu; por tudo aquilo que ameaçou e não chegou a ser; pela idéia que fomos. Pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe. Pelo muito que amei e não me amaram, pelo amor que chegou quando eu parti, pelo que tentei ser correta e não foram comigo.
Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, embora eu busque dividir. O único espetáculo que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

terça-feira, abril 06, 2010

Like fireworks.

Esquenta,
Explode
e some.

sábado, abril 03, 2010

Identidade

Preciso ser outro
para ser eu mesma.

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem inseto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato
morro
No mundo por que luto
nasço