quarta-feira, julho 25, 2007

Limpando os óculos

Não era de uma beleza excepcional. Não estonteava, nem ao menos seguia padrões.
Não facilitava com as primeiras impressões, apesar de ser flexível, era extremista nessa questão: gostavam ou detestavam. Normalmente um convívio necessário mostra o contrário do pré-conceito. É necessário transpor o véu vagarosamente e ir reparando em minuciosos detalhes com delicadeza. É como ir descobrindo algo que está debaixo de panos há muito tempo. Ou como uma surpresa.
Conseguia mostrar o que está por dentro, se doava por completo. Se jogava em abraços, e quando não, passava a intensidade do mesmo num simples toque de mão. Deixava-se se levar por situações, mas tinha a capacidade de criá-las com uma sutileza indefinível. Deixava clara sua dificuldade em tomar decisões e não importava em se expor em busca de uma identificação. Limitava-se. Desistia. Dom da retórica utilizado só em situações extremas, com avaliação rigorosa. Dom da escrita também. Mostrava-se muito mas não enxergava. Imaginava-se sempre menos. Destestava expectativas... mas criava mesmo sem querer.
Devia ter algo como trastorno bipolar. Algo incomodava à noite... soprava aos seus ouvidos perturbando seu sono. Tinha o desejo de conseguir controlar o que guardar na memória. Utópica.
Envolvida...
Era interessante, bons papos no seu conteúdo. Livros e música como paixões.

Algo que contrariava a lei da "primeira vista"

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