terça-feira, abril 15, 2008

Is this love? Oh, shit!


" Se a paixão acontece de forma tão rápida, é talvez porque o desejo de amar precedeu o amado - a necessidade inventou sua solução. O aparecimento do amado é apenas o segundo estágio de uma necessidade anterior de amar alguém (...) Sempre haverá o momento em que duvidaremos se nossos amados existem na realidade como os imaginamos em nossas mentes ou não são apenas uma alucinação que inventamos para impedir o inevitável colapso sem amor."

( Alain de Botton - Ensaios de amor)
E aí você pensa que aquela busca incansável pela sua completude pessoal acabou. Sim, porque é comum o vínculo entre vazio e não ser amado, e assim, somos constituídos da pura imperfeição por não ter alguém.
A contradição acontece, entretanto, quando a sua suposta metade brota do chão, assim como naquela história do jardim e das borboletas: você cuida direitinho do seu jardim, ele tá bonitinho, floridinho, você tá até feliz com ele mesmo sem borboletas, eis quando surge uma asa colorida no seu terreno. Oh, God! E agora? As opções estão entre você criar um bloqueio, se entregar loucamente e deixar fluir. Eu com minha vulnerabilidade fico com o último. O bloqueio existe e a luta com ele é quase tão homérica quanto a guerra de Tróia, mas fica internalizado ( o que pode não ser necessariamente bom). Ou seja, o medo existe sim, mais forte do que nunca mas ao mesmo tempo a vontade de arriscar torna-se maior.
O bicho de sete cabeças dessa coisa toda é isso que está escrito aí em cima. O que afinal vem a ser aquilo que a gente sente por outrem? Ou pior, o que vem a ser o que o outro sente por nós ( na verdade, é esse o problema).
Com o desenvolvimento de um ceticismo anti- amor- romântico a qual somos condicionados, independente das razões, e em contrapartida com a louca precisão da metade da laranja, fica cada vez mais difícil manter- se firme em um relacionamento.
Eu gosto, você gosta. Que bom! Mas porque? Seria devido à vontade de amar? É... estou sozinho, logo estou carente, apareceu uma bonitinha ou nem tão bonitinha assim, mas que tem interesses em comum, ouve boa música, compartilha do mesmo gosto literário e que está sozinha também. A gente beija, entrega nossos corpos sem entregar nossas almas e confia que é paixão após uns dias compartilhando o cotidiano. Amor ou necessidade de amar?
No fim das contas, é tão prosaico que daqui a pouco desenvolvem uma tese sobre a New-age of Love, ou Neo- Amor.
P.S.: Guardem paciência para breves reflexões amorosas, pois estou entrando em desvario com esse livro.

4 comentários:

Pequena disse...

Maldito ou...bendito livro!!!

Anônimo disse...

pular para o outro lado do abismo no qual despencam todas as palavras.

requer coragem.

Anônimo disse...

belo texto.

Priscila Ferreira disse...

Ai Alê...não que eu nunca te leve a sério...não me entenda mal...rs, mas sinceramente, esse post me fez pensar, pensar, pensar em tudo que estou vivendo...Ai amor????
Bjo