quarta-feira, setembro 01, 2010

Eu ouvi tanto sobre os "nossos ideiais" nessa vida, que durante muito tempo o meu discurso era sobre um ideal. Ideal esse que nem eu sabia qual era. Mas é bonito você ter um ideal. Ideal político, social então, super cool. Essa coisa de reforma agrária, comunismo, vamos dividir até as nossas cuecas, adotar crianças da Etiópia, é muito bonito mesmo. Só que, porra, convenhamos, lutar contra o sistema dá um puta de um trabalho e foi aí que eu comecei a duvidar desse tal de ideal.
A idealização por si só gruda na nossa existência de uma maneira quase imperceptível, mas fundamental, uma vez que nossos desejos brotam daí. Não?! Pode apostar: não basta uma jabiraca velha que anda, tem que ser uma Tucson com ar condicionado; não dá prá ficar no trampo que te sustenta, tem que ser uma coisa que te deixe extremamente feliz; não basta namorar uma pessoa que gosta de você e te dá atenção, tem que ter 1.85, dinheiro, carro, te mandar flores uma vez por semana; isso seria o ideal. Ok, só que se é ideal não existe. E tudo isso me faz pensar que o "serumano" é sadomasoquista por natureza, seguindo o raciocínio de que se é ideal no ecsiste, e se não existe, há frustração, e se há frustração, a gente sofre. É uma ciranda de sentimentos recorrentes que vão sempre deixar sede no fim.
Então, não me venha me falar "não traia os seus ideais", porque eu não tenho ideal nenhum. Se a busca é estar bem, eu deixo as idealizações prá quem gosta de devanear e não sofre com isso. E, se há alguém que, de verdade, consiga essa proeza, please tell me! Eu quero mesmo aprender a sonhar sem cair da minha própria nuvem.

4 comentários:

sandre quirino disse...

Toda vez que falam de ideal eu lembro desse diálogo de um livro de Krishnamurti:

- Do you mean to say that I must give up me ideals? I would be lost!
- But mustn't you be lost to discover?

sandre quirino disse...

Tava falando sobre isso com o Leo ontem. Esse lance de ideal é bem ilusório mesmo. Viver intensamente é encarar o que "é" e não se iludir com o que "deveria ser".

See ya!

carol disse...

eu, depois de velha, percebi que quero mesmo é jogar coquetel molotov e questionar o status quo por aí. pode?

carol disse...

[aliás, tava pensando em postar sobre isso e seu post me motivou. daqui a pouco passa...]